Flamengo consegue na Justiça bloquear R$ 77 milhões da Globo
Uma verdadeira batalha nos bastidores do Campeonato Brasileiro está em andamento. O Flamengo decidiu entrar na Justiça para barrar o depósito de R$ 77 milhões que a Globo deveria pagar a oito dos nove times que compõem a Liga do Futebol Brasileiro (LIBRA). Essa decisão afetou severamente a arrecadação de clubes como o São Paulo, que deixaria de receber cerca de R$ 13,3 milhões, e o Palmeiras, que ficaria com R$ 12,3 milhões a menos. Outros times, como Santos, Atlético-MG, Bahia, Red Bull Bragantino e Vitória, também enfrentam perdas. O único que não foi impactado nessa situação foi o Grêmio, pois já tinha recebido adiantado.
O Flamengo justificou sua ação judicial apontando que existe falta de clareza no contrato firmado entre a LIBRA e a Globo, especificamente sobre como os direitos de transmissão devem ser divididos com base na audiência.
A Distribuição dos Direitos
O acordo entre a LIBRA e a Globo estabelece que a receita do Brasileirão é dividida assim: 40% igualmente entre todos os clubes da Série A, 30% conforme a classificação na tabela e os outros 30% com base na audiência. O ponto de discórdia do Flamengo gira justamente em cima dessa porção que depende da audiência.
Conforme o estatuto da LIBRA, os 30% relacionados à audiência são calculados com base na quantidade de espectadores que assistem aos jogos de cada clube, seja em TV aberta, fechada ou streaming. O Flamengo acredita que o contrato não dá detalhes suficientes sobre como essa fração da receita deve ser calculada, o que gerou essa disputa. O clube argumenta que as definições sobre a contribuição de cada plataforma para a arrecadação não são claras o bastante.
Um Impasse em Discussão
A polêmica começou em abril, com reuniões a respeito da divisão da receita, onde estava inserido o executivo Silvio Matos, chamado para ajudar na estruturação da liga. Durante esses encontros, varias propostas foram apresentadas para tentar encontrar um meio-termo. O Flamengo se mostrou aberto a negociar um acordo que equilibrasse as posições, e passou a dialogar diretamente com outros clubes.
Uma das propostas do Flamengo era vincular a distribuição da audiência ao número de assinantes do Premiere, o pay-per-view da Globo. Se esse modelo fosse adotado, um clube com 20% dos assinantes teria direito a 20% do valor a ser repassado referente à audiência.
Em uma reunião realizada em 26 de agosto, a LIBRA se reuniu para votar essa sugestão. Apenas o Volta Redonda apoiou o Flamengo, enquanto Paysandu decidiu se abster da votação. Assim, a maioria dos clubes rejeitou a proposta.
Se a ideia tivesse sido aprovada, o Flamengo teria recebido aproximadamente R$ 18,8 milhões no depósito previsto para 25 de setembro, ao invés dos R$ 17,5 milhões. Essa diferença de cerca de R$ 1,35 milhão se repetiria nos pagamentos seguintes até o fim do contrato em 2029.
O Flamengo estima que, devido a esse impasse, o clube perdeu cerca de R$ 100 milhões por ano com o acordo que foi assinado anteriormente pela gestão de Rodolfo Landim. A situação se mostra complexa e cheia de nuances, refletindo os desafios e tensões do futebol brasileiro.