Obesidade infantil: sinais, riscos e como prevenir doenças
Setembro é um mês especial para falarmos sobre obesidade infantil, um assunto que está ganhando cada vez mais atenção no Brasil. Com a campanha “Setembro Laranja”, promovida pela Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), a ideia é aumentar a conscientização sobre esse problema que já atinge muitos jovens no país.
Recentemente, dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) mostraram que cerca de 33% dos adolescentes entre 10 e 19 anos estão acima do peso. Em uma década, esse número cresceu quase 9%, totalizando mais de 2,6 milhões de jovens com problemas de peso. Isso é preocupante, especialmente em um momento em que a saúde das crianças precisa ser prioridade.
O Papel dos Pais e das Escolas
Na conversinha com o Portal Caiçara, o pediatra Paulo Telles ressalta como os pais podem ficar atentos aos sinais de que os filhos estão ganhando peso de forma excessiva. “Claro que os pediatras são os responsáveis por fazer o diagnóstico, analisando o peso, altura e o índice de massa corporal. Mas os pais também podem perceber se a criança está vestido com roupas que não servem mais ou se não está se alimentando de forma saudável”, explica. O acompanhamento médico é essencial porque a obesidade não é apenas uma questão estética — é uma doença.
Infelizmente, a obesidade infantil pode trazer sérios riscos à saúde, como diabetes, hipertensão e problemas cardíacos. Dados mostram que a região Sul do Brasil é a que mais sofre com isso, com 37% das crianças e adolescentes com sobrepeso. Cidades como São Paulo lideram o ranking, com mais de 76 mil jovens nessa situação.
A Conexão entre Saúde e Economia
Muitas famílias enfrentam dificuldades financeiras e acabam optando por alimentos ultraprocessados, que costumam ser mais acessíveis. Paulo Telles comenta sobre isso. “Algumas pessoas precisam fazer escolhas para garantir que a comida chegue à mesa. Os ultraprocessados são mais baratos por diversos motivos, incluindo produção em larga escala”, destaca.
Para ajudar, ele traz algumas sugestões práticas: cultivar alimentos em pequenos espaços, participar de iniciativas como a Rede Brasileira de Bancos de Alimentos, aproveitar promoções de produtos e buscar parcerias com agricultores da região. Essas ações podem fazer a diferença e ajudar a garantir uma alimentação melhor.
Quebrando Mitos
Um dos maiores desafios no combate à obesidade infantil é derrubar alguns mitos. É comum pensar que a obesidade é simplesmente falta de vontade ou que as crianças vão emagrecer naturalmente ao crescer. Paulo Telles afirma que isso não acontece na maioria das vezes. “Além disso, não podemos esquecer que outros fatores, como o ambiente escolar e as políticas públicas, têm um grande impacto na saúde das crianças”, acrescenta.
A abordagem também deve ser ampla, envolvendo nutricionistas, psicólogos e outros profissionais, porque tratar a obesidade não é apenas uma responsabilidade dos pais ou do pediatra.
O Impacto Emocional
A pediatra Anna Bohn complementa que o peso excessivo pode levar a problemas emocionais, como bullying e baixa autoestima. Ela defende que as escolas devem ter suporte psicológico e programas para combater o bullying. O apoio da família é fundamental para ajudar os jovens a superar essas dificuldades.
“Escolas podem agir de forma simples e eficaz, como oferecer lanches saudáveis e promover atividades físicas diárias. Uma abordagem criativa, com aulas de culinária e conscientização sobre a importância de comer frutas e verduras, pode fazer a diferença”, sugere Anna.
Uso de Medicamentos
Em casos mais graves, medicamentos podem ser considerados. Anna Bohn explica que, com o aumento de crianças e jovens enfrentando a obesidade, a saúde deles está em risco. “Os medicamentos devem ser parte de um tratamento que envolva várias abordagens e profissionais”, finaliza.
Dessa forma, é necessário um trabalho conjunto, onde todos se sintam envolvidos para promover a saúde das crianças.