Jovem solicita na Justiça tratamento de R$ 5 milhões por doença
Bruno Henrique, um advogado de 30 anos que mora no Gama, no Distrito Federal, está enfrentando um grande desafio de saúde. Ele precisa realizar um retransplante de rim, mas, para isso, terá que usar três ampolas de um medicamento chamado Oxlumo, que é fabricado na Alemanha. A boa notícia é que o juiz do caso já aceitou seu pedido para que o tratamento seja custeado pelo Governo Federal.
Bruno foi diagnosticado com Hiperoxalúria Primária Tipo 1 (HP1), uma condição genética que afeta os rins. Além de já ter passado por um transplante renal, ele precisa do Oxlumo para estabilizar sua doença antes de realizar um novo procedimento. Ele conversou com a nossa equipe e compartilhou sua história.
No final de outubro, depois de ter seu pedido inicial negado pela secretaria de saúde do DF, Bruno não hesitou em buscar a justiça. Ele apresentou um pedido urgente ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região, e felizmente, o juiz decidiu a seu favor. “Foi uma ansiedade a mil”, comentou.
Bruno demonstrou uma perspectiva otimista em relação ao tratamento. “É uma questão temporária e isso me anima. Fico esperançoso”, disse. Para passar por esse momento, ele se apoia em sua fé e filosofia de vida. “É importante entender quem sou e não deixar que a doença me defina”, afirmou.
Por trás de todo esse desafio, o custo do medicamento é bastante alto. Para o tratamento, ele precisará de 12 ampolas do Oxlumo, com cada uma custando cerca de R$ 424 mil, totalizando mais de R$ 5 milhões. A primeira dose pode demorar até quatro semanas para chegar ao Brasil após o pedido ser feito.
### Diagnóstico e Caminho até Aqui
A história de Bruno com HP1 começou em 2012. Essa é uma das formas mais graves da doença, que resulta na produção excessiva de um composto chamado oxalato – algo que normalmente seria eliminado pelos rins. Desde muito jovem, ele lidou com cálculos renais, o que acabou levando à perda total da função renal aos 17 anos, momento em que precisou de um transplante.
Sua mãe, Doralice, foi quem lhe doou um dos rins. Embora a operação tenha sido bem-sucedida inicialmente, os efeitos do excesso de oxalato continuaram a causar danos, resultando na falência do rim transplantado após 11 anos.
Atualmente, ele faz diálise peritoneal, um tratamento que permite a filtragem do sangue em casa. Recentemente, Bruno mudou o seu tratamento para uma clínica particular, realizando sessões diárias de duas horas, exceto aos domingos.
### A Necessidade de Retransplante
Com uma bateria de exames realizados neste ano, foi constatado que a acumulação de oxalato no organismo impediu a realização de um novo transplante sem antes reduzir esses níveis. O tratamento, nesse momento, é mais paliativo, apenas retardando danos graves. A condição se agrava com o tempo e pode ser fatal.
Bruno desabafou sobre como essa situação tem afetado sua vida social e emocional. Ele se sente mais isolado e perdeu um pouco da sua rede de apoio, mas encontrou alguma distração e motivação no trabalho. “Me aprofundei bastante no meu trabalho, e isso me mantém ativo”, contou.
### A Importância do Oxlumo
O medicamento Oxlumo é a única terapia disponível que consegue interromper a produção excessiva de oxalato no fígado. Sem ele, Bruno não pode se submeter a um retransplante, já que qualquer novo rim também seria afetado pelo acúmulo da substância. Ao usar três ampolas do medicamento, ele poderá finalmente realizar o procedimento.
Bruno espera que sua experiência possa ajudar outras pessoas que enfrentem a mesma doença. “Quem sabe essa informação pode chegar a outros que precisam”, afirmou.
Ele não tem apenas que lidar com os altos custos do tratamento, mas também com o gasto mensal com remédios e despesas para ir ao hospital, que chegam a cerca de R$ 690. A sua alimentação também é bastante restrita, e ele não pode ingerir mais de um litro de água por dia.
No final da conversa, Bruno fez questão de agradecer a todos que o apoiaram ao longo desse processo, desde sua família até os profissionais de saúde que têm feito a diferença em sua vida.