Casos de meningite no Brasil aumentam; conheça sintomas e tratamentos

Os últimos dados do Ministério da Saúde mostram um aumento nos casos de meningite, especialmente na forma bacteriana. Isto está ligado principalmente ao sorogrupo B do meningococo, cuja vacina ainda não está disponível no SUS. A meningite é uma doença grave que pode avançar rapidamente, e isso tem deixado os profissionais de saúde em alerta.

Em poucas horas, um simples mal-estar pode se transformar em uma emergência. O Dr. Marcos Gonçalves, pediatra e presidente da Sociedade Alagoana de Pediatria, ressaltou que a identificação dos sintomas precoces é crucial. As formas mais comuns da doença são causadas por vírus ou bactérias, com as bacterianas sendo as mais preocupantes devido ao alto risco de complicações e morte.

O que é meningite e por que ela preocupa tanto?

A meningite é a inflamação das meninges, as membranas que protegem o cérebro e a medula espinhal. Embora possa ser causada por diferentes agentes, as formas bacterianas são as mais sérias. Entre os principais responsáveis, estão duas bactérias: a Neisseria meningitidis (meningococo) e o Streptococcus pneumoniae (pneumococo). Esse tipo de meningite pode evoluir rapidamente e levar a situações críticas, em até 24 horas após o início dos sintomas.

Sintomas: por que o diagnóstico é tão difícil?

Reconhecer os sintomas da meningite logo no início é um grande desafio. Nas primeiras 8 horas, os sinais são muitas vezes vagos e podem ser confundidos com outras doenças, como gripes ou viroses. Alguns dos primeiros sintomas incluem:

  • Febre
  • Irritação
  • Sonolência
  • Náuseas e vômitos
  • Dores no corpo

Conforme a doença avança (entre 9 a 15 horas), surgem sinais mais claros, como rigidez de nuca e manchas na pele. A partir das 16 horas, a situação pode se agravar rapidamente, trazendo confusão mental e até choque séptico.

O Dr. Marcos enfatiza que muitos casos não são identificados a tempo, o que contribui para a alta taxa de mortalidade.

Transmissão: não é pelo ar como a gripe

Um erro comum é pensar que a meningite se espalha pelo ar, como a gripe. Na verdade, a transmissão ocorre por meio do contato próximo, como:

  • Gotículas respiratórias
  • Saliva
  • Beijos
  • Tosse e espirros a curta distância

Isso explica a maior incidência em locais como creches, escolas e dormitórios universitários.

Panorama atual: por que os casos voltaram a subir?

Atualmente, o Brasil enfrenta um aumento nos casos de Doença Meningocócica Invasiva (DMI) desde 2021. Em 2025, foram reportados:

  • 833 casos de DMI
  • 165 mortes
  • Quase 60% dos casos causados pelo sorogrupo B

Mudança no perfil epidemiológico

Historicamente, o sorogrupo C dominava. Porém, com a introdução da vacina MenC, a incidência caiu drasticamente. Agora, o sorogrupo B se tornou o principal problema, especialmente em bebês, com uma taxa de crescimento alarmante nos últimos anos.

Por que o sorogrupo B preocupa mais?

O MenB é particularmente preocupante por várias razões:

  • Sua cápsula bacteriana é menos reconhecível pelo sistema imunológico.
  • A doença pode evoluir muito rapidamente.
  • É mais comum em lactentes e apresenta alta taxa de letalidade.

Por exemplo, em Alagoas, a letalidade chegou a 60% em 2024, muito acima da média global.

Sequelas: o impacto que permanece para toda a vida

Os sobreviventes da meningite podem enfrentar sequelas graves. Um em cada dez pode ter complicações sérias, e em bebês esse número pode chegar a 50%. As sequelas podem variar de amputações a problemas neurológicos e emocionais.

Diagnóstico: como é confirmada a meningite?

O diagnóstico depende de:

  • Exame clínico
  • Hemograma e outros exames laboratoriais
  • Exames de imagem
  • Punção lombar

Identificar a bactéria rapidamente é fundamental para o tratamento correto.

Tratamento: rapidez é a diferença entre a vida e a morte

O tratamento de emergência inclui o uso de antibióticos e suporte intensivo. Quanto mais cedo o tratamento é iniciado, maiores são as chances de sobrevivência.

Prevenção: vacinação é a principal estratégia

A vacinação é a maneira mais eficaz de prevenir a meningite. No entanto, o SUS cobre apenas algumas vacinas, deixando lacunas, especialmente em relação ao sorogrupo B. Especialistas sugerem que a inclusão da vacina MenB no SUS poderia ter um impacto positivo na redução de casos.

OMS tem meta global de eliminar epidemias de meningite até 2030

A Organização Mundial da Saúde está empenhada em estruturas de controle, como prevenção de epidemias e diagnóstico rápido. Contudo, o Brasil ainda precisa avançar na garantia de acesso a vacinas.

O que pais e responsáveis devem observar?

Pais de crianças menores de 2 anos devem ficar atentos a qualquer sinal de irritabilidade intensa, dificuldade para mamar, sonolência excessiva ou manchas roxas. A presença de um ou mais desses sintomas exige uma busca imediata por atendimento médico, já que o tempo é crucial na luta contra a meningite.

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