Alcoólicos Anônimos: o impacto na sobriedade e na vida
Muita gente que enfrenta a batalha contra o alcoolismo procura apoio em irmandades como os Alcoólicos Anônimos (A.A.), que se originou nos Estados Unidos lá na década de 1930. O Portal Caiçara conversou com Edelto Tavares Leite, vice-presidente da Junta de Serviços Gerais, e ele ressaltou como essa rede de apoio é fundamental. Também ouvimos Mateus Gomes, secretário-geral dos Grupos Familiares Al-Anon, que são voltados para os familiares de quem lida com a dependência.
No A.A., as histórias compartilhadas são confidenciais, mas Edelto comentou que muitos membros falam sobre como começaram a beber, os desafios que enfrentaram e como têm vivido sem o álcool. Ele explicou que a força do A.A. vem da ajuda mútua, onde os ex-alcoólicos ajudam novos membros, vivendo um dia de cada vez e evitando o primeiro gole.
Um dos relatos que mais o impactou foi o de um membro que, ao parar de beber, conseguiu deixar de lado comportamentos delinquentes. “Ele nunca mais infringiu nenhuma lei depois que ficou sóbrio”, contou Edelto.
Apadrinhamento e Abertura
Uma parte essencial do A.A. é o apadrinhamento, onde um membro mais experiente acolhe quem está chegando, oferecendo amizade e suporte sem cobranças. “As reuniões são abertas a todos. O único requisito para se juntar é ter a vontade de parar de beber, e não há taxas ou mensalidades. Tem até encontros especiais para mulheres”, completou.
Edelto já participa das reuniões há 38 anos, como um amigo e apoiador. Ao longo desse tempo, ele testemunhou quantas vidas essa irmandade salvou e quantas famílias foram resgatadas, tudo isso sem custo para os participantes.
Apoio às Famílias
Mateus Gomes, do Al-Anon, enfatizou a importância deste grupo para os familiares que vivem com os efeitos do alcoolismo. “Os familiares muitas vezes passam pelo processo de negação, achando que o alcoólico não tem um problema e que suas promessas de parar de beber são sinceras. Esse é um ciclo doloroso”, explicou.
O Al-Anon surgiu a partir do A.A. quando os familiares perceberam que também precisavam de apoio. O grupo adapta os Doze Passos para ajudar quem lida com os efeitos do alcoolismo em suas vidas.
A troca de experiências nas reuniões é muito valiosa e protegida pelo anonimato. O que é discutido ali não sai do grupo, o que cria um ambiente seguro para que todos se expressem. Além disso, a literatura do Al-Anon traz relatos de pessoas que passaram por situações semelhantes, mostrando que ninguém está sozinho e que a serenidade é possível, mesmo em meio a dificuldades.
Ao participarem, os familiares percebem que não têm como forçar o alcoólico a parar de beber, já que essa decisão deve vir dele mesmo. Mas o programa Al-Anon ajuda os familiares a saírem do “carrossel da negação”, onde se encontram quando não buscam ajuda. Em muitos casos, essa mudança pode até incentivar o alcoólico a procurar tratamento.
Atualmente, o Al-Anon opera em 24 estados e no Distrito Federal, com 319 grupos presenciais. Além disso, existem 16 grupos que realizam reuniões online em português, oferecendo mais acessibilidade a quem precisa.
Ajuda para Adolescentes
Mateus também falou sobre o Alateen, um braço do Al-Anon criado em 1957, voltado para jovens entre 13 e 19 anos que lidam com o alcoolismo perto deles. O Alateen oferece um espaço seguro para que esses adolescentes compartilhem suas experiências e busquem apoio.
Esses grupos são uma rede de suporte totalmente autossuficiente, baseada em doações voluntárias e sem vinculação a religiões, instituições ou causas políticas. A missão é clara: prestar ajuda a quem enfrenta essa realidade, focando na recuperação e na construção de um ambiente familiar mais saudável.