Açaí e doença de Chagas: saiba sobre a proibição na COP 30

A Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) tinha decidido proibir a venda de alguns alimentos na Conferência das Partes 30 (COP 30), que será realizada em Belém, no próximo mês de novembro, alegando “alto risco de contaminação”. A lista incluía pratos típicos da culinária paraense, como o famoso açaí e o tucupi, caldo feito da mandioca. Essa decisão causou bastante alvoroço e debate.

Contudo, no último sábado (16/8), uma atualização no edital alterou essa proibição, permitindo novamente a comercialização desses alimentos tão queridos pelo povo paraense. A OEI removeu a tabela que trazia os ingredientes e pratos vetados, libertando o açaí e o tucupi para serem servidos durante o evento.

É compreensível que a população tenha ficado em dúvida sobre os riscos trazidos pelo consumo do açaí. Muitos ainda questionam se ele é realmente responsável pela transmissão da Doença de Chagas. De acordo com o Ministério da Saúde, essa doença é provocada por um protozoário chamado Trypanosoma cruzi. Ela possui duas fases: uma aguda, que pode ter ou não sintomas visíveis, e outra crônica, que pode se manifestar com complicações cardíacas ou digestivas.

Tradicionalmente, a transmissão ocorre através do contato com fezes de um inseto conhecido como barbeiro, além de alimentos contaminados. Segundo o professor Odilson Silvestre, da Universidade Federal do Acre, essa via de transmissão está diminuindo no Brasil. Ele ressalta que, embora alimentos contaminados, como o açaí, possam causar a doença, não são a única causa.

Em um estudo publicado em 2020, o professor destaca que a maioria dos casos da Doença de Chagas é concentrada na região amazônica, especialmente no Pará, onde realmente há registros de contaminação relacionada ao açaí. Ele enfatiza a importância de um processamento adequado do produto, sugerindo que o governo capacite os vendedores para garantir a segurança alimentar.

Essas informações nos ajudam a entender a complexidade do debate e a importância de políticas que assegurem a saúde pública sem sacrificar a rica cultura gastronômica.

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