Velório de Arlindo Cruz em formato de gurufim
(Instagram)Neste sábado (9/8), o corpo de Arlindo Cruz será velado na quadra do Império Serrano, em Madureira, Zona Norte do Rio, em uma cerimônia que seguirá o formato gurufim. No imaginário popular, há despedidas que se recusam a ser apenas momentos de silêncio e lágrimas. O gurufim, um costume trazido da África durante o período da escravidão, mistura reverência e celebração. Essa atmosfera é evocada pelos versos bem-humorados de J. Carioca, que Arlindo também interpretou: Eu vou fingir que morri, pra ver quem vai chorar por mim e quem vai ficar gargalhando no meu gurufim.
A cerimônia de velório de Arlindo Cruz incluirá música, dança e a batida da bateria verde e branca, transformando o encontro em um tributo vibrante à sua vida e legado.
Para o historiador Luiz Antônio Simas, o gurufim é a expressão de um luto que não sufoca a alegria. Ele descreve o ritual como um momento em que o samba divide espaço com homenagens e lembranças e, ao mesmo tempo, como uma estratégia simbólica para enganar a morte. Documentos mostram que, entre as décadas de 1930 e 1940, esse tipo de despedida era comum em comunidades negras, reunindo amigos e vizinhos em torno de música, comida e histórias.
Famosos que foram velados em cerimônias gurufim incluem Bira Presidente, que teve uma despedida musical no próprio velório; Sérgio Cabral, que recebeu um tributo da Mangueira; e Beth Carvalho, cuja cerimônia na sede do Botafogo se assemelhou a um show em sua homenagem.
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