Veja mensagens que incriminaram Bruno Henrique em esquema de apostas
O atacante Bruno Henrique, do Flamengo, foi indiciado pela Polícia Federal (PF) por supostamente tomar um cartão amarelo para beneficiar familiares em um esquema de apostas durante um jogo do Brasileirão 2023. Em mensagens trocadas com seu irmão, que foram incluídas no relatório da PF, Wander Júnior, o jogador demonstra a intenção de receber um cartão na partida contra o Santos, ocorrida na 31ª rodada da competição.
(Reprodução)Contra o Santos
As mensagens revelam que o irmão de Bruno pediu que ele tomasse cartões amarelos em outras partidas e também solicitou dinheiro emprestado. A primeira troca de mensagens que sugere a atividade ilegal ocorreu em 23 de agosto de 2023, quando o jogador avisou que tomaria o cartão amarelo na partida contra o Santos, programada para o final de outubro.
Wander: O tio você está com dois cartões (amarelos acumulados) no brasileiro?
Bruno Henrique: Sim
Wander: Quando (0) pessoal mandar tomar o 3 liga nós hein kkkkkkkkk
Bruno Henrique: Contra o Santos
Wander: Daqui a quantas semanas?
Bruno Henrique: Olha no Google
Wander: 29 de outubro, será que você vai aguentar ficar até lá sem kkkkkkk cartão?
Bruno Henrique: Não vou reclamar (com a arbitragem), só se eu entrar forte em alguém
Wander: Boua já vou guardar o dinheiro de investimento com sucesso
Negócio de aposta
Pouco mais de dois meses após a conversa sobre o cartão amarelo contra o Santos, Bruno Henrique pediu a ajuda do irmão para transferir R$ 10 mil para outra conta. O jogador se referiu ao valor como um negócio de aposta. Durante a troca de mensagens, ele informou que não poderia transferir o valor devido ao fato de terem o mesmo nome. Wander insistiu e expressou interesse em participar do suposto esquema, mas Bruno respondeu que seria pesado demais para ele.
Bruno Henrique: O Juninho (Wander), você consegue fazer transferir Pix no valor alto da sua conta?
Wander: Consigo BH, qual valor?
Bruno Henrique: 10 conto (10 mil)
Wander: Consigo
Bruno Henrique: Você não pode ser, temos nomes iguais
Wander: Vai dar ruim?
Bruno Henrique: Vai, negócio de aposta aqui
Wander: Uai, dá essa ideia aí que vou apostar aqui, tô precisando de dinheiro kkkkkk
Tá com 2 de novo hein
Em outra conversa, no dia 16 de outubro de 2023, Wander voltou a pedir que Bruno tomasse um cartão amarelo em uma partida do Flamengo. O jogador ficou irritado com a insistência do irmão.
Wander: Fala tio, bom ou não?
Bruno Henrique: Fala aí, blz
Wander: Sim, e você?
Bruno Henrique: Blz
Wander: Tá com 2 de novo hein 👀👀, quando for o 3 avisa eu kkkkk
Bruno Henrique: Caraca, me chamou pra falar isso, tá de brincadeira né, voado, viado
Wander: Claro que não, viado
Lembra a parada que você me perguntou há um tempo atrás?
No dia anterior à partida contra o Santos, em 31 de outubro de 2023, quando Bruno Henrique tomou o cartão amarelo, ele abordou o irmão sobre um assunto antigo. Após uma ligação de 17 segundos, ficou implícito que ele havia combinado um esquema para receber o cartão.
Bruno Henrique: Aí lembra a parada que você me perguntou há um tempo atrás?
Wander: Do que?
Preciso de 4 mil
Um mês após a partida, Wander procurou Bruno novamente, desta vez pedindo dinheiro emprestado devido a problemas financeiros. Ele alegou estar atrasado com o pagamento da pensão alimentícia e que os valores ganhos em apostas ilegais haviam sido bloqueados pela plataforma.
Wander: BH, acabei de chegar em casa mano, por mais que você não acredite, mais estava nessa resenha, não gastei 1 centavo. Tentei ver um jeito de um empréstimo, mas não consegui e muito menos ver com quem pegar e pagar. Mano, você é minha única solução.
Wander: Preciso de 4 mil pra pagar 1 mil de pensão e o restante do meu cartão de 3 mil.
Bruno Henrique, relutante, acabou aceitando ajudar o irmão, mas deixou claro que a dívida deveria ser quitada assim que o valor das apostas fosse liberado.
Os envolvidos no esquema
Além de Bruno Henrique, seu irmão Wander, a esposa de Wander, Ludymilla Araújo Lima, e a prima do jogador, Poliana Ester Nunes Cardoso, também foram indiciados. Todos participaram das apostas relacionadas ao cartão amarelo do jogador. Eles estão sendo processados com base no artigo 200 da Lei Geral do Esporte, que trata sobre fraudes em competições esportivas. As penas podem variar de dois a seis anos de reclusão, além de estelionato, que prevê penas de um a cinco anos de prisão.
Um grupo de amigos de Wander, incluindo Claudinei Vitor Mosquete Bassan, Rafaela Cristina Elias Bassan, Henrique Mosquete do Nascimento, Andryl Sales Nascimento dos Reis, Max Evangelista Amorim e Douglas Ribeiro Pina Barcelos, também está sendo investigado no inquérito.
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