STJD suspende jogador do América-MG por injúria racial

O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) suspendeu preventivamente o meia-atacante Miguelito, do América-MG, acusado de injúria racial contra o atacante Allano, do Operário-PR, em uma partida válida pela sexta rodada da Série B do Campeonato Brasileiro, no último domingo (5/5). A decisão foi publicada nesta terça-feira (6/5), dois dias após o episódio que resultou na prisão do jogador boliviano em flagrante.

A medida cautelar foi tomada após a Procuradoria do STJD apresentar denúncia na manhã desta terça. O presidente do tribunal, Luís Otávio Veríssimo Teixeira, justificou a suspensão com base na gravidade dos fatos: A suspensão preventiva não configura antecipação de pena, mas sim um instrumento cautelar adequado, proporcional e necessário à preservação da moralidade e da credibilidade da competição em que se desenvolveram os fatos.

stjd suspende jogador do americamg por injuria racial (Reprodução/x)

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Com isso, Miguelito está impedido de atuar pelo América-MG até o julgamento da denúncia, que ainda não tem data marcada. O atleta foi denunciado com base no artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que trata de atos discriminatórios relacionados à raça, etnia, sexo ou deficiência. A pena prevista é de suspensão de cinco a dez partidas e multa de até R$ 100 mil.

O clube mineiro também foi enquadrado no mesmo artigo. Caso a denúncia seja acatada, o América-MG pode ser punido com perda de pontos, perda de mando de campo e obrigação de implementar políticas preventivas contra o racismo.

Prisão em flagrante

A denúncia foi feita ainda durante a partida entre Operário e América-MG, disputada em Ponta Grossa (PR). Aos 30 minutos do primeiro tempo, após uma falta a favor do time paranaense, Miguelito teria proferido a frase preto do *** contra Allano. O árbitro Alisson Sidnei Furtado foi alertado pelo jogador e pelo capitão do Operário, Jacy, que teria presenciado a ofensa.

Seguindo o protocolo antirracismo da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o árbitro interrompeu a partida por cerca de 15 minutos, cruzando os braços em forma de X para sinalizar a paralisação. O caso foi registrado na súmula da arbitragem e imediatamente comunicado às autoridades locais.

Após o apito final, Miguelito foi conduzido à delegacia, prestou depoimento e foi preso em flagrante, com base na Lei nº 7.716/89, que trata de crimes resultantes de preconceito racial. O jogador passou a madrugada detido na 13ª Subdivisão Policial de Ponta Grossa e recebeu liberdade provisória na manhã de segunda-feira (6/5). O Ministério Público do Paraná (MPPR) ainda avalia se há elementos para oferecer denúncia formal, o que daria início a uma ação penal. A pena prevista na legislação brasileira pode chegar a até cinco anos de reclusão.

Declarações e repercussão

O atacante Allano, do Operário, se pronunciou publicamente sobre o episódio de injúria racial e lamentou que o futebol siga sendo palco de ofensas discriminatórias. Ele ressaltou a dor causada pelo ataque e a necessidade de não silenciar diante do racismo: Ser ofendido pela cor da minha pele é algo doloroso, revoltante e, acima de tudo, inaceitável, ponderou. O jogador também agradeceu o apoio do clube, companheiros e familiares, e afirmou que seguirá lutando por Justiça.

A Federação Boliviana de Futebol (FBF) divulgou nota oficial prestando apoio institucional ao meia-atacante do América-MG, Miguelito, e defendendo o respeito ao devido processo legal. A entidade destacou que o presidente Fernando Costa entrou em contato com a família do jogador e articulou ações com o consulado boliviano. Reafirmamos nossa confiança no respeito ao devido processo legal, ao direito à defesa e à presunção de inocência, afirmou a FBF.

A FBF reiterou seu compromisso com o combate ao racismo e à violência no esporte, alinhando-se às diretrizes da FIFA e da CONMEBOL. Em nota, a entidade reforçou que acompanha o caso de perto e espera que os fatos sejam apurados conforme a legislação vigente.

Carreira e contexto

Revelado nas categorias de base do Santos, Miguelito é considerado uma das principais promessas da Bolívia. Com apenas 20 anos, acumula 22 partidas e seis gols pela seleção principal, sendo o atual vice-artilheiro das Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2026.

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O caso de Miguelito ressalta a importância de combater o racismo no esporte e a necessidade de medidas eficazes para garantir um ambiente mais justo e respeitoso em todas as competições.

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