O que Está em Jogo com o Processo que Maria Zilda Move Contra a Globo
A atriz Maria Zilda Bethlem, com quase 40 anos de carreira na Globo, está processando a emissora, alegando que ela lucra com a exibição e o licenciamento de novelas antigas nas quais atuou, enquanto ela não recebe praticamente nada por isso. A Globo, por sua vez, defende que todos os contratos assinados com a atriz já garantiam esses direitos, não sendo necessária uma nova autorização ou pagamento adicional.
Esse caso vai muito além da disputa pessoal entre Maria Zilda e a Globo. Ele levanta uma questão fundamental: os contratos assinados no passado não previam o surgimento de projetos como o canal Viva (atualmente chamado Globoplay Novelas) ou o Globoplay, plataformas que nem existiam quando essas novelas foram gravadas. Assim, as emissoras continuam a lucrar com reprises e streaming, enquanto os atores que deram vida a essas histórias ficam à margem dessa receita.
Maria Zilda Bethlem na coletiva da novela “Aquele Beijo”, em 2011 (Divulgação/Globo)Desigualdade e Mudanças Necessárias
Enquanto músicos são remunerados sempre que suas canções são tocadas em qualquer lugar, os atores não têm a mesma proteção. Muitos acreditam que já está na hora de mudar essa realidade, pois a imagem dos artistas, quando utilizada, deveria resultar em uma compensação financeira para eles. Afinal, o público assiste a essas novelas pelas atuações, mas quem se beneficia financeiramente são apenas as empresas.
Outros artistas, como Sônia Braga, já tentaram lutar por esse direito e acabaram perdendo. Isso ocorre porque a Globo, do ponto de vista legal, está resguardada por um contrato que não protege adequadamente os profissionais da atuação.
O Impacto do Processo
O processo de Maria Zilda ainda está sendo julgado no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, mas pode abrir portas importantes. Se ela vencer, outros atores e atrizes podem buscar melhores compensações pelas reprises de seus trabalhos. Mais do que isso, pode acelerar a criação de leis que assegurem aos artistas o mesmo tipo de proteção que os músicos já têm.
Atualmente, a Justiça tende a favorecer a Globo, argumentando que prevalece o contrato assinado, mesmo que tenha sido feito em uma época em que o streaming nem existia. No entanto, o caso ganhou destaque, sendo amplamente discutido e pode contribuir para mudar a percepção sobre os direitos dos artistas no Brasil.
Em resumo, Maria Zilda está lutando para que os atores sejam remunerados de forma justa quando seus trabalhos antigos continuam a ter sucesso. É uma batalha desafiadora, mas essencial — e que pode transformar o mercado para muitos profissionais da área.
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