Ney Matogrosso e a trajetória no Secos e Molhados
Ney Matogrosso foi o vocalista principal da icônica banda Secos e Molhados, cuja trajetória, repleta de polêmicas e sucessos, durou cerca de três anos. Com o recente lançamento de Homem com H, cinebiografia que estreou na Netflix, somos apresentados a essa fase marcante da carreira do artista. A banda desafiou a ditadura militar brasileira com letras subversivas e uma estética ousada que influenciou toda uma geração.
O portal @canaldosfamosos relembra os momentos altos e baixos da banda, desde sua formação em Ubatuba até um breve estrelato internacional que deixou sua marca na música brasileira.
(Reprodução )O começo da resistência
A origem do Secos e Molhados remonta à resistência contra a opressão. Nos anos 60, o português João Ricardo chegou ao Brasil com seu pai, fugindo do regime ditatorial de Salazar. A amizade com o estudante de arquitetura Gerson Conrad deu início à vontade de criar música. Em 1971, o grupo foi formado, inspirado pelo letreiro de um armazém e lançando sua primeira composição, El Rey.
O encontro decisivo com Ney Matogrosso aconteceu após os músicos serem convencidos por Luhli, Heloísa Orosco, a ir ao Rio de Janeiro para conhecer o excêntrico artista. Essa reunião foi fundamental para o desenvolvimento do som e da identidade da banda.
Primeiros passos e o impacto
Em janeiro de 1972, Ney, João e Gerson começaram a trabalhar nas letras para o álbum de estreia, Secos & Molhados, que foi lançado em 1973. Com uma combinação única de poemas clássicos de Vinicius de Moraes e Manuel Bandeira, adaptados ao estilo do grupo, eles conseguiram burlar a censura da época.
A estética marcante, com pinturas faciais, surgiu apenas após a primeira apresentação do grupo em São Paulo. O empresário Moracy do Val, que tinha conexões herdadas de seu pai, foi fundamental para o sucesso inicial, garantindo a parceria com a gravadora Continental.
A gravadora confiou ao grupo uma tiragem inicial de apenas 1,5 mil discos, que esgotou em menos de dez dias. Surpreendentemente, o grupo vendeu 250 mil cópias em dois meses e um milhão em menos de um ano, conquistando fãs em todo o Brasil, mesmo sob a vigilância da censura militar.
O auge e os desafios
Em 1974, a banda atingiu seu auge com o lançamento do segundo álbum e fez apresentações no México. Essas performances serviram de inspiração para o famoso grupo de rock Kiss, conhecido por suas pinturas e figurinos exuberantes. No entanto, a demissão do empresário e a mudança de controle da banda marcaram o início da sua decadência.
Após a saída do empresário, a nova divisão dos lucros trouxe descontentamento entre Ney e Gerson. O Fantástico anunciou oficialmente o fim do Secos e Molhados em 11 de agosto daquele ano, encerrando um capítulo marcante na música brasileira.
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