De Kaká a Vini Jr: brasileiros foram a base da trajetória vitoriosa de Ancelotti
Anunciado oficialmente como novo técnico da Seleção Brasileira nesta segunda-feira, 12 de maio, Carlo Ancelotti terá nas mãos uma oportunidade que muitos adorariam ter: montar uma equipe com os melhores jogadores nascidos no país pentacampeão mundial de futebol. O treinador italiano dirigiu 43 brasileiros ao longo de sua carreira em passagens por clubes como Parma, Milan, Chelsea, PSG, Real Madrid, Bayern de Munique e Everton. Com uma trajetória marcada por títulos e elencos estrelados, Ancelotti construiu sua carreira vitoriosa tendo o talento brasileiro como aliado frequente e, muitas vezes, decisivo.
(Reprodução)Kaká, o símbolo da parceria ítalo-brasileira
O nome mais emblemático da relação entre Ancelotti e os brasileiros é Kaká. Foi sob o comando do técnico que o meia chegou ao Milan, vindo do São Paulo, e atingiu o auge da carreira. Em 2007, foi eleito o melhor jogador do mundo, após conquistar a Champions League e o Mundial de Clubes com o time italiano. Kaká disputou 270 partidas com Ancelotti, sendo o brasileiro que mais vezes foi escalado por ele.
A era no Milan também teve outros nomes importantes: o goleiro Dida, os laterais Cafu e Serginho, o zagueiro Roque Júnior, o volante Emerson, e os meias Leonardo, Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho, além dos atacantes Alexandre Pato, Amoroso, Ricardo Oliveira e Ronaldo. Foi o clube em que o técnico mais trabalhou com jogadores do Brasil.
Os brasileiros que levantaram taças com Ancelotti
Diversos brasileiros foram campeões com Ancelotti em diferentes clubes. No Milan, Dida, Cafu, Serginho, Kaká e Roque Júnior estiveram no elenco que venceu a Champions League em 2003 e 2007, além de outras conquistas como o Mundial de Clubes e o Campeonato Italiano. No Real Madrid, Marcelo, Casemiro, Vinicius Jr., Rodrygo e Militão foram peças fundamentais em títulos recentes. Casemiro e Marcelo foram campeões da Champions League de 2014, na primeira passagem de Ancelotti, enquanto Vini Jr., Rodrygo e Militão conquistaram a Liga dos Campeões de 2021/2022 e 2023/2024, já sob o retorno do treinador ao clube.
Thiago Silva, no PSG, ergueu diversos troféus nacionais entre 2011 e 2013. Alex Rodrigo foi peça importante no Chelsea campeão da Premier League em 2009/10. Richarlison, no Everton, teve grande rendimento individual mesmo sem conquistas coletivas. Allan, apesar de ter sido titular com Ancelotti no Napoli, não conquistou títulos sob o comando do italiano.
Veteranos do Brasileirão e nomes da nova geração
A relação com o futebol brasileiro atual vai além da seleção. O técnico já comandou oito jogadores que hoje atuam na Série A: os zagueiros David Luiz e Thiago Silva, os volantes Allan e Lucas Silva, os meias Bernard e Nenê, além dos atacantes Lucas Moura e Willian José. Na nova geração, Ancelotti já conta com Endrick, que disputou 34 partidas sob seu comando no Real Madrid, e terá no elenco da Seleção nomes que ele mesmo ajudou a lapidar no futebol europeu, como Vinicius Jr., Rodrygo e Militão — três jogadores que devem ser pilares do seu projeto à frente do Brasil.
O trauma de 1994 e o desafio inédito
O vínculo de Ancelotti com o futebol brasileiro tem também uma página amarga. Aposentado como jogador em 1992, ele foi auxiliar de Arrigo Sacchi na Copa do Mundo de 1994, disputada nos Estados Unidos. Naquele Mundial, a Itália chegou à final contra o Brasil, que venceu nos pênaltis após empate sem gols no tempo normal. O chute por cima de Roberto Baggio impediu o título da Azzurra e de Ancelotti, que viu de perto a conquista brasileira.
Agora, 30 anos depois, ele terá a chance de buscar esse título inédito justamente com a seleção que lhe impôs aquela frustração. Se conquistar a Copa do Mundo, Ancelotti também quebrará outro tabu: nunca uma seleção foi campeã sob comando de um técnico estrangeiro. Desde 1930, os 22 títulos mundiais foram conquistados apenas por técnicos locais. O Brasil venceu suas cinco Copas com nomes como Vicente Feola, Aymoré Moreira, Zagallo, Carlos Alberto Parreira e Luiz Felipe Scolari.
Carlo Ancelotti, campeão por onde passou, terá agora a missão de escrever um novo capítulo, com a camisa amarela, que tantas vezes o inspirou do outro lado do campo.
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