Cracolândia vazia levanta suspeitas de transferência de usuários
Recentemente, relatos de moradores da Grande São Paulo indicam que usuários da Cracolândia estão se dispersando por diversos bairros, levantando suspeitas sobre uma possível transferência organizada. A prefeitura da cidade ainda não se pronunciou sobre os casos.
O padre Júlio Lancellotti, conhecido por seu trabalho com populações vulneráveis, questionou em suas redes sociais a veracidade de uma mensagem recebida. A mensagem relatava que um caminhão da prefeitura teria levado usuários da Cracolândia para o bairro Santos Dumont, em Guarulhos, durante a madrugada. Moradores afirmaram que alguns desses indivíduos pediram ajuda, alegando não saber onde estavam.
Cracolândia em São Paulo (Foto: Herculano Barreto Filho/UOL)Relatos de dispersão
A repercussão da publicação trouxe à tona relatos semelhantes em outras regiões. A reportagem ouviu moradores de Guarulhos e de outras áreas afetadas, que comentaram sobre o surgimento repentino de grupos de dependentes químicos, sugerindo uma dispersão não natural.
Em São José dos Campos, uma moradora relatou ter encontrado um homem desorientado que não sabia como havia chegado à cidade. Ele estava perdido e perguntava o caminho para São Paulo, demonstrando confusão sobre sua situação.
De acordo com uma fonte anônima de Guarulhos, a situação começou a ser percebida na Vila Rio, um bairro precário da cidade, onde usuários de drogas têm aparecido frequentemente.
Posicionamento das autoridades
O prefeito de Guarulhos, Lucas Sanches, publicou um vídeo alertando sobre a situação, mencionando que vans estariam trazendo usuários de drogas de outras regiões para o Vila Rio. Ele solicitou à população que enviasse informações sobre essas vans para a prefeitura.
Em São Miguel Paulista, Daniela relatou que seu amigo viu um grupo de pessoas que, a princípio, pareciam esperar por alimentos, mas eram usuários recém-chegados à região, o que gerou preocupações entre os moradores locais.
Cracolândia e ações da prefeitura
A Cracolândia, tradicionalmente localizada na Rua dos Protestantes, no centro de São Paulo, amanheceu praticamente vazia no início da semana, surpreendendo o prefeito Ricardo Nunes, que reconheceu uma redução gradual no número de usuários, mas ainda investiga o esvaziamento repentino.
O vice-prefeito Mello Araújo afirmou que mais de 120 pessoas foram removidas do local nos últimos dias, algumas encaminhadas para tratamento e outras para reencontro com familiares. A prefeitura negou o uso de força e alegou que as ações priorizam o combate ao tráfico e o atendimento social.
Contudo, não houve esclarecimentos sobre a possibilidade de transporte de usuários para outras localidades, e a gestão do prefeito Nunes ainda não se manifestou oficialmente sobre a situação.
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