Cid acusa defesa de Bolsonaro de interferir em delação com familiares
No mais recente depoimento à Polícia Federal, o tenente-coronel Mauro Cid revelou que advogados ligados à defesa de Jair Bolsonaro tentaram, através de familiares, obter informações sobre seu acordo de delação premiada. O ex-ajudante de ordens do ex-presidente prestou esclarecimentos no inquérito que investiga possíveis ações para obstruir as investigações conduzidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Durante o depoimento, Cid afirmou que os advogados Eduardo Kuntz, que defende Marcelo Câmara, e Fábio Wajngarten, da equipe de defesa de Bolsonaro, o visitaram enquanto estava preso em maio de 2023. Ele também mencionou um reencontro casual com Kuntz em um evento na Hípica de Brasília, frequentado por sua família.
Mauro Cid fala ao STF para prestar esclarecimentos no inquérito que investiga o plano golpista (Reprodução/Agência Brasil)Tentativas de Contato
De acordo com Mauro Cid, as tentativas de contato não se limitaram a ele, mas também se estenderam à sua mãe, esposa e filha menor de idade. O objetivo, segundo o depoimento, era acessar informações sigilosas sobre os termos do acordo de colaboração com a Justiça. O relatório da Polícia Federal destaca que Cid encontrou mensagens no celular de sua filha, enviadas pelos advogados através de WhatsApp e Instagram.
Ele alegou que o contato com a jovem tinha a intenção de obter informações sobre o acordo de colaboração e obstruir as investigações, aproveitando-se da inocência da filha. Cid também revelou que sua mãe foi abordada em pelo menos três ocasiões em eventos esportivos, onde os advogados se ofereceram para atuar em sua defesa.
Negativas e Vazamentos
Além das alegações sobre tentativas de contato, Cid negou qualquer envolvimento com um perfil de redes sociais que estaria sendo usado para alegar que ele divulgou informações sigilosas. Ele acredita ter sido gravado sem autorização e afirmou que os áudios divulgados foram editados e distorcidos. Cid também descreveu como vazamento a foto usada como suposta prova de que ele teria conversado sobre o acordo em uma rede social, garantindo que não compartilhou conteúdo confidencial.
Com base no depoimento, o ministro Alexandre de Moraes autorizou a Polícia Federal a coletar os depoimentos dos advogados envolvidos na defesa de Bolsonaro e de outros réus, a fim de investigar se houve tentativa de obstrução da Justiça.
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