Conflito na Federação Paraense de Futebol: quem está certo?

O futebol paraense está vivendo uma situação bem conturbada, cheia de desavenças internas na Federação Paraense de Futebol (FPF). No epicentro desse embate está Ricardo Gluck Paul, que não só ocupa a presidência da FPF, mas também é vice-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Do outro lado, temos Luiz Omar Pinheiro, advogado do Santa Rosa, clube da capital, que é pré-candidato à presidência da FPF, e também o advogado Marco Pina, que defende o vice-presidente da FPF, Reginaldo Souza.

Essa disputa está marcada por uma troca intensa de acusações, onde documentos, notas fiscais e laudos periciais se misturam às questões políticas. O clima é tenso, com denúncias sobre supostas irregularidades e um cenário de batalha política quase como um jogo de futebol.

O Portal Caiçara teve acesso exclusivo a uma série de documentos que ajudam a compor esse conflito. O material inclui laudos, ofícios trocados entre os envolvidos e uma linha do tempo dos acontecimentos, ilustrando as alegações de cada lado.

Entre junho e julho de 2025, a situação se intensificou. O Santa Rosa enviou uma notificação extrajudicial, pedindo documentos sobre a prestação de contas de 2024 em um prazo de apenas dois dias. Luiz Omar alegou que tinha provas de pagamentos a empresas de marketing que somavam quase R$ 1 milhão. A FPF, por outro lado, considerou o prazo solicitado irreal e afirmou que as informações financeiras estavam disponíveis publicamente.

### A Notificação que Acendeu o Conflito

O desentendimento começou no dia 26 de junho, quando Luiz Omar protocolou a notificação exigindo documentos da FPF. Ele afirmou haver provas que apontam para pagamentos a quatro empresas de marketing que totalizam quase R$ 1 milhão. A federação, em resposta, alegou que o pedido não tinha respaldo legal e que suas contas estavam disponíveis nos sites da CBF e da própria FPF.

### A Coleta de Procurações e a Assembleia

A oposição decidiu buscar votos através de procurações para garantir um quórum na Assembleia Geral Ordinária (AGO) que trataria da prestação de contas. A FPF alega que houve uma tentativa de criar uma “maioria silenciosa” para reprovar as contas. Algumas procurações foram canceladas por membros que alegaram não ter compreendido o propósito. A AGO foi remarcada e as contas acabaram sendo aprovadas com ampla maioria.

### As Denúncias de Luiz Omar

Em uma conversa de 30 minutos com o Portal Caiçara, Luiz Omar apresentou informações que indicariam má gestão e favorecimento por parte de Ricardo. Ele trouxe notas fiscais que apontariam para compras feitas através de uma empresa ligada à esposa do presidente, além de questionar a legitimidade de um laudo pericial que apontou fraudes na contabilidade.

Luiz Omar descreve Ricardo como um político que luta para se manter no poder e opinou que, em meio a essas disputas, a verdadeira intenção é atacar os pontos frágeis da liderança.

### A Ação Judicial de Reginaldo Souza

As denúncias ganharam um novo fôlego com a movimentação do advogado Marco Pina, que representa Reginaldo Souza. Eles entraram com uma ação para afastar Ricardo Gluck Paul do cargo, alegando que seu acúmulo de funções entre a FPF e a CBF é problemático, assim como a condução das contas da federação.

### A Resposta da FPF

A FPF não ficou de braços cruzados. Em um ofício, rebateu as acusações de falta de transparência e esclareceu que as informações eram publicamente acessíveis. O presidente Ricardo defendeu-se, afirmando que tudo era parte de uma estratégia política de seus opositores e ressaltou que muitos pedidos já tinham sido arquivados nas instâncias competentes.

Ricardo também enfatizou que as denúncias sobre as notas fiscais da empresa da esposa eram injustas. Ele se comprometeu a provar a legalidade de todas as suas ações.

### Conflitos de Narrativas

As versões continuam a se desenrolar, com Luiz Omar afirmando que suas provas são contundentes e a FPF garantindo que fez tudo de forma correta. Documentos públicos e acusações se entrelaçam em um cenário que se assemelha a um embate político mais do que uma discussão puramente sobre futebol.

O que está em jogo vai além do futebol paraense. Com um dirigente atuando também na CBF, as consequências dessa disputa podem refletir em um aspecto mais amplo no cenário político do esporte brasileiro. Existem indícios de que essa questão pode se espalhar e causar repercussões significativas.

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