Ancelotti explica momento em que deixou Rivaldo no banco
Em seu novo livro, Carlo Ancelotti, o técnico da Seleção Brasileira, traz à luz momentos marcantes da sua carreira, além de compartilhar algumas lições que aprendeu ao longo do caminho. Ele fala com carinho sobre sua relação com o futebol brasileiro e recorda episódios que moldaram sua trajetória, como sua relação próxima com jogadores lendários.
Ancelotti lança nesta quinta-feira (25/9) seu livro autobiográfico O Sonho: quebrando recorde de vitórias na Champions League. A obra tem 256 páginas e é resultado de uma colaboração com o jornalista inglês Chris Brady. O livro é uma compilação de histórias e experiências, divididas em quatro partes, que revelam um pouco do que foi ser jogador e treinador.
Primeiros contatos com brasileiros
O técnico não se esquece de como os jogadores brasileiros marcaram sua carreira desde os tempos de atleta na Roma, entre 1979 e 1985. Ele menciona duas figuras que tiveram um impacto especial: Toninho Cerezo, conhecido por sua garra, e Paulo Roberto Falcão, um verdadeiro maestro dentro de campo.
Ancelotti destaca que a chegada de Falcão o fez enxergar o jogo de uma maneira diferente. Ele relembra: “Quando ele chegou, não entendia por que treinávamos tanto sem a bola.” Foi nesse período que começou a notar como os estilos sul-americanos começaram a influenciar o futebol europeu, uma experiência que o acompanharia pelo resto da carreira.
O atrito com Rivaldo
Outro momento interessante que Ancelotti conta no livro é a chegada de Rivaldo ao Milan em 2002. Um campeão do mundo, Rivaldo foi surpreendido ao ser colocado no banco nas primeiras partidas. Ancelotti se recorda da tensão do momento: “Foi um choque para ele. ‘Rivaldo nunca ficou no banco’, ele disse. Respondi que sempre há uma primeira vez.”
O desenrolar da situação mostrou a força do caráter do jogador. Rivaldo acabou saindo imediatamente após ouvir a decisão. O técnico, porém, garante que eles se entenderam posteriormente e o jogador se tornou uma peça fundamental na conquista da Champions League, em 2003.
A chegada de Kaká
Ancelotti também fala sobre o impacto da chegada de Kaká ao Milan em 2003. Ele lembra do primeiro encontro e como o meia, que parecia um “estudante”, se transformou em um verdadeiro fenômeno em campo. A transformação foi tão grande que Ancelotti compara Kaká a um super-herói saindo de sua cabine telefônica. Essa mudança foi crucial para o time.
Derrotas como aprendizado
Nem tudo foi mar de rosas na trajetória de Ancelotti. Ele admite que as derrotas fazem parte do jogo e podem ensinar bastante. O treinador menciona figuras importantes em sua formação, como Nils Liedholm, que lhe ensinou paciência e versatilidade, e Arrigo Sacchi, que ajudou a moldá-lo como técnico.
Ele relembra como, ao ser contratado por Sacchi, Silvio Berlusconi duvidou de sua capacidade devido a lesões. “Ele me descreveu como um maestro que não sabia ler partituras”, comenta Ancelotti.
Memórias da Copa de 1994
Ancelotti reviveu momentos da Copa do Mundo de 1994, quando atuou como auxiliar na seleção italiana. A Itália chegou à final, mas perdeu para o Brasil nos pênaltis. Esse episódio foi uma aula sobre a importância da mentalidade no futebol, algo que o treinador leva consigo até hoje.
O presente na Seleção Brasileira
Na parte final do livro, Ancelotti fala sobre sua nova fase à frente da Seleção Brasileira. Ele compartilha suas impressões ao chegar ao Brasil, onde foi recebido com um cartaz caloroso: “Bem-vindo, Ancelotti, você é o cara!”. Essa recepção clara mostra a pressão e expectativa que ele sente em trazer a Copa do Mundo de volta para o país.
O técnico expressa sua ambição e responsabilidade: “O sonho de todo brasileiro é ver o Brasil campeão. Agora, esse sonho é meu também e vou me esforçar ao máximo para realizá-lo.” É um desafio e tanto, mas também uma oportunidade incrível para deixar sua marca na história do futebol brasileiro.