Estudo revela que 41% de atletas profissionais enfrentam problemas mentais

A importância de cuidar da saúde mental vem ganhando cada vez mais espaço no esporte, tanto dentro quanto fora dos campos. Personalidades como Tite, Rebeca Andrade e Mbappé estão evidenciando como é essencial priorizar o bem-estar psicológico, especialmente entre atletas de alto rendimento. Apesar de ser um tema de suma relevância, muitas pessoas ainda evitam discutir sobre isso e, por vezes, tratam a questão com indiferença.

Um estudo recente da PUC do Rio Grande do Sul, em parceria com o Comitê Olímpico do Brasil, revelou que 41% dos atletas brasileiros de alto nível enfrentam transtornos alimentares, indicando uma falta de atenção à saúde mental. Os dados são alarmantes: 23% afirmam ter dificuldades para dormir, 15% relataram uso de álcool e 5%, de drogas. Outros 14,6% enfrentam depressão e 13,5% sofrem de ansiedade.

Infelizmente, mesmo com números tão altos mostrando a urgência do cuidado psicológico, um levantamento realizado pelo GE em junho de 2024 mostrou que 6 dos 20 clubes da série A do Brasileirão ainda não têm departamentos de psicologia. Isso ilustra um problema sério na estrutura de apoio oferecida aos atletas.

A Importância do Suporte Psicológico

Eryca, psicóloga do Cuiabá, destaca que a presença de um psicólogo na equipe é fundamental desde as categorias de base. O trabalho dele não foca apenas em aspectos técnicos e físicos, mas também na preparação psicológica. A saúde mental deve ser prioridade o ano todo, não apenas em setembro, quando a campanha de conscientização ganha mais destaque. O diálogo aberto sobre sentimentos e a busca de ajuda são partes importantes no cotidiano esportivo.

No Brasil, a pressão sobre os jogadores é imensa, e críticas vindas das redes sociais podem impactar de forma negativa a mente de um atleta. A psicóloga Priscila Mendes, do Inter de Minas, explica que a temporada é repleta de desafios, desde críticas da torcida até lesões. Com acompanhamento psicológico, os jogadores podem criar um espaço seguro para conversar e se fortalecer emocionalmente, prevenindo quadros de ansiedade ou insegurança. Ferramentas como visualização e definição de metas ajudam a manter o foco sob pressão.

Apoio e Formação dos Jovens Atletas

Manoela Chagas, psicóloga do time Sub-20 do Botafogo-SP, ressalta que o trabalho com os jovens vai além de formar atletas vencedores. É sobre prepará-los para lidar com pressões e frustrações da vida. A saúde mental é essencial para que esses jovens se tornem adultos resilientes, capazes de enfrentar desafios, tanto no esporte quanto fora dele. Atividades em grupo ajudam a desenvolver habilidades sociais, preparando-os para o ambiente competitivo.

Carla Di Pierro, da Volt Sports Science, enfatiza que cuidar da saúde mental deve vir antes da performance. No universo do esporte, as taxas de transtornos mentais são comparáveis, ou até maiores, do que na população em geral. Assim, primeiro é preciso garantir que o atleta esteja bem psicologicamente para que possamos pensar em desenvolver habilidades de alta performance.

Ações de Conscientização no Futebol

O poder transformador do esporte é inegável e surtem efeito em ações de conscientização. A End to End, uma agência de marketing esportivo, em parceria com o Palmeiras, identificou o Setembro Amarelo como uma chance de abordar a saúde mental, especialmente em homens que muitas vezes têm dificuldade em falar sobre isso.

Assim, surgiu a ação “Números da Vida”, onde o jogador Raphael Veiga trocou seu número tradicional pelo 188, que é o telefone do Centro de Valorização da Vida (CVV). Esse gesto, feito em um jogo importante, não só deu visibilidade à causa, mas também gerou uma grande repercussão positiva nas redes sociais.

Na mesma linha, o Sport também promoveu a conscientização. Durante a partida contra o Fortaleza, os jogadores usaram camisas amarelas com a frase “Ligue 188”. O leilão dessas camisas ainda ajudou a arrecadar fundos para a Ampare, uma instituição dedicada a quem lida com transtornos mentais.

Essas iniciativas mostram como o futebol e a saúde mental estão mais conectados do que muitos pensam. As mensagens transmitidas durante essas ações têm o poder de impactar a sociedade, ajudando a quebrar tabus e criando um espaço para o diálogo sobre um tema tão necessário.

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