Críticas aos técnicos estrangeiros no Brasil: Ancelotti e portugueses
A chegada de Carlo Ancelotti para treinar a Seleção Brasileira trouxe à tona uma conversa que já estava rolando no meio do futebol: a presença de técnicos estrangeiros no nosso país. O domínio dos treinadores portugueses em clubes brasileiros, especialmente após Jorge Jesus, já era assunto para debates acalorados. E agora, com a chegada desse italiano à Amarelinha, o clima esquenta ainda mais.
Não é surpresa que Ancelotti tenha gerado uma série de críticas. Ele já tem uma legião de opositores, e isso vai além do que ele faz taticamente. Recentemente, Abel Braga, um treinador respeitado, comentou sobre a falta de “sangue verde e amarelo” no novo colega. Outro peso-pesado, Antonio Lopes, expressou sua desaprovação de forma mais direta: “Não deveria ser contratado um treinador assim. O Brasil já foi pentacampeão com técnicos brasileiros. O que justifica trazer um gringo?”, questionou Lopes.
### Estrangeiros na Seleção
A contratação de Ancelotti é, na verdade, bem rara na história da Seleção. Nos últimos 60 anos, apenas três técnicos não brasileiros comandaram a equipe pentacampeã. O uruguaio Ramón Platero, em 1925; o português Joreca, em 1944; e o argentino Filpo Nñez, em 1965, quando o Palmeiras representou o Brasil em amistosos.
Inclusive, quando se fala em Copas do Mundo, é válido lembrar que nenhum técnico estrangeiro levou o Brasil ao título até agora. É um feito que, se acontecer com Ancelotti em 2026, será inédito: nunca um treinador de fora levantou a taça de campeão por outro país. O último a chegar à final foi o austríaco Ernst Happel, que comandou a Holanda no vice-campeonato de 1978.
Historicamente, a seleção brasileira se mantém firme numa tradição de confiar em técnicos locais. Além disso, somente três das oito seleções campeãs do mundo contaram com treinadores de fora em suas conquistas: Argentina, Itália e Espanha, enquanto a Inglaterra teve três.
### A “invasão portuguesa” ao Brasileirão
No cenário dos clubes, a coisa é um pouco diferente. A presença de estrangeiros já é um fato mais corriqueiro, mas ainda surpreendente em alguns aspectos. Nos anos de 2017 a 2019, apenas três técnicos de fora se destacaram no futebol brasileiro. Mas isso mudou drasticamente em 2020, principalmente por causa de Jorge Jesus, que comandou o Flamengo e levou a equipe a conquistas memoráveis.
Em sequência, Abel Ferreira também se destacou no Palmeiras, vencendo a Libertadores em 2020 e 2021, e permanece à frente do time até hoje. Desde então, a tendência tem sido de cada vez mais treinadores de fora ganharem espaço, especialmente os portugueses. Olhando para a Libertadores das últimas edições, quatro dos últimos seis títulos foram conquistados por clubes geridos por técnicos lusos.
Um exemplo curioso é Jhon Textor, o dono do Botafogo, que tem uma visão bastante favorável sobre esses treinadores. Desde que assumiu em 2022, sua gestão já passou por algumas mudanças e contratações, sempre em busca de resultados. Enquanto isso, nomes argentinos, como Ramón Díaz e Jorge Sampaoli, também têm feito sucesso, mesmo que, em alguns casos, não tenham conquistado títulos.
### E mais críticas!
Ainda no clima das opiniões, Renato Gaúcho não ficou em silêncio e expressou sua visão sobre o assunto. Ele afirmou que o Brasil tem ótimos técnicos que entendem o nosso futebol e que, por isso, seria melhor contratar profissionais locais. Segundo ele, há muitos treinadores brasileiros capacitados, e a presença de estrangeiros não é sempre a solução.
Atualmente, a Série A do Brasileirão tem várias equipes sob a direção de técnicos gringos. No momento, cinco deles estão no comando, mas esse número pode mudar rapidamente, devido ao cenário instável dos clubes.
É um debate rico e cheio de nuances, refletindo como o futebol brasileiro está se adaptando a um mundo cada vez mais globalizado. E enquanto essa conversa continua, os torcedores seguem de olho nos próximos passos da Seleção e dos clubes, sempre na esperança de novas conquistas.