Especialistas comentam denúncias de Mari Menezes e sinais de abuso

A influenciadora Mari Menezes, de apenas 20 anos, trouxe à tona um desabafo pesado sobre o namoro dela com o DJ Ulisses, de 21 anos. Ela compartilhou situações de abuso e manipulação que viveu durante o relacionamento, causando comoção nas redes sociais. Entre as histórias que contou, uma das mais impactantes foi a de que o ex-parceiro a teria dopado ao misturar remédios em bebidas alcoólicas, tudo isso sem o seu consentimento.

No dia 12 de setembro, Mari comentou que Ulisses tinha uma maneira de tentar controlá-la. “Ele tentava silenciar a minha voz. Tudo tinha que ser conforme suas regras, e se não fosse assim, as brigas começavam. Já vi ele quebrando móveis e me xingando na frente de outras pessoas. Eu chorava e tinha crises de ansiedade, mas ele sempre prometia que mudaria porque me amava. Eu acabava acreditando”, compartilhou.

Enquanto isso, o DJ se manifestou, reconhecendo que cometeu erros, mas negou as acusações de ter dopado Mari. “Eu errei e sei disso. Mas não sou capaz de dar remédios a alguém sem consentimento. Não quero carregar essa culpa”, declarou em um vídeo.

Na sequência, o Portal Caiçara! conversou com o psicólogo André Machado e o psiquiatra Iago Fernandes sobre esse tema tão delicado. Eles ressaltaram a importância de discutir saúde mental e relacionamentos tóxicos. Segundo André, alguns sinais comuns de relacionamentos abusivos incluem o controle excessivo sobre as escolhas da pessoa, que vai desde a forma de se vestir até as interações sociais, muitas vezes disfarçados como ‘proteção’.

“Quanto ao caso da Mari, essa necessidade de controle pode ser vista como uma tentativa de compensar fraquezas emocionais. O controle traz uma dinâmica de manipulação que intercala entre carinho exagerado e críticas destructivas, o que pode acabar destruindo a autoestima da vítima. Além disso, as ameaças e gritos criam um clima de medo que dificulta a percepção do abuso, que muitas vezes se instala de forma gradual”, explicou.

Ele ainda acrescentou que as promessas de mudança, acompanhadas de isolamento, perpetuam esse ciclo tóxico. “A insegurança do abusador, misturada com a promessa de que tudo vai melhorar e o afastamento da vítima das pessoas que a cercam, camuflam a toxicidade da relação. O relato da Mari mostra a gravidade desses danos, que muitas vezes são invisíveis, e destaca a necessidade de educar as pessoas sobre relacionamentos saudáveis e a importância do apoio psicológico”.

### Impactos mentais e emocionais de ter a autonomia violada

Sobre a questão do uso de substâncias, André comentou que a violação da autonomia em um relacionamento, como aconteceu com Mari, pode causar traumas sérios. “Esse tipo de abuso, que une manipulação e risco físico, pode levar a ansiedade intensa, hipervigilância e até sintomas de estresse pós-traumático. Quando há uma traição, isso abala a confiança e dificulta que a vítima forme novos laços. É uma quebra profunda da segurança pessoal”, afirmou.

Além disso, quem comete esse tipo de violação costuma ter traços narcisistas e uma necessidade intensa de controle, tratando a parceira como uma extensão de si. “Esse tipo de relato revela o quão sérios são os danos invisíveis, ressaltando como as terapias voltadas para o tratamento do trauma são essenciais para reconstruir a autoestima e a capacidade de estabelecer limites. O apoio de familiares e amigos, ou até mesmo grupos de apoio, é fundamental para que a pessoa tenha coragem de buscar a recuperação da saúde mental”, disse.

O psiquiatra Iago Fernandes destacou que o tratamento deve ser feito com especialistas em trauma e violência doméstica. “A Terapia Cognitivo-Comportamental e a Terapia de Apoio são muito eficazes para trabalhar crenças distorcidas, restaurar a autoestima e reconquistar a autonomia. Em casos mais graves, pode ser necessário acompanhamento psiquiátrico para tratar sintomas de depressão ou insônia”, comentou.

### Como a rede de apoio pode ajudar no processo de recuperação

Iago também ressaltou a importância de uma rede de apoio. “Família e amigos, além de grupos de acolhimento, devem oferecer um espaço de escuta sem julgamentos, validar o sofrimento e encorajar a pessoa a reconstruir sua vida. Esse suporte diminui o isolamento e aumenta a segurança emocional, acelerando a recuperação.”

Para ele, a questão também toca na sexualidade. “A sexualidade envolve identidade, afeto e prazer. Quando há abuso, não é só uma questão psicológica: há uma ruptura na experiência saudável da sexualidade”, enfatizou. “Falar sobre sexualidade é afirmar dignidade e respeito, e é essencial que cada um tenha o direito de ser protagonista de sua própria história. Cuidar da saúde mental também é promover uma sexualidade livre de violência”, completou.

Em suma, casos como o de Mari nos mostram que relacionamentos saudáveis precisam ser espaços de cuidado e crescimento mútuo, e não de controle e medo. É hora de encarar esses assuntos com maturidade e entendimento, defender a liberdade emocional e sexual das pessoas é uma forma de cuidar da saúde e da vida de todos nós.

você pode gostar também