Setembro amarelo: conversar sobre o tema pode salvar vidas
É angustiante saber que, dia após dia, pessoas sentem que a única saída para a dor insuportável é a desistência da vida. Em setembro, mês em que a campanha Setembro Amarelo traz à tona a importância da prevenção do suicídio, é hora de pensar: o que estamos fazendo para ajudar nessa causa tão delicada? A psicanalista Andrea Ladislau conversou com o Portal Caiçara! e compartilhou reflexões importantes sobre o tema.
Quando se trata de ajudar alguém que pode estar em risco, a percepção do que pode estar acontecendo se torna crucial. Será que conseguimos notar os sinais que indicam que uma pessoa está pensando em acabar com seu sofrimento?
### Sinais de Alerta
Infelizmente, o suicídio é um tema cercado de tabus. No Brasil, as taxas aumentam a cada ano, com uma média de 3,7% de crescimento, segundo dados do IBGE. Atualmente, são cerca de 8 suicídios a cada 100 mil habitantes, com a população acima de 60 anos sendo a mais afetada. Mas esse sentimento não escolhe idades, gêneros ou classes sociais.
Durante nossas vidas, pode ser que percebamos que alguém próximo a nós está passando por um momento difícil e pensando em dar um fim à sua dor. Andrea destaca que a impotência pode nos fazer acreditar que não podemos ajudar, mas isso é um engano. Há maneiras de fazer a diferença.
### Preste Atenção nos Sinais
A primeira dica da psicanalista é ficar atento aos sinais. Palavras como “Eu gostaria de desaparecer” ou “As pessoas estariam melhor sem mim” não devem ser ignoradas. Comportamentos que mostram desinteresse social, mudanças de humor abruptas e frases de despedida também são graves indicações.
No emocional, sentimentos como tristeza profunda, culpa, apatia e irritabilidade são alarmantes. A dor de quem está sufocando em seus problemas merece atenção.
### Conversar é Fundamental
Andrea ressalta que não devemos desmerecer a dor alheia. Frases como “Mas você tem tudo, isso não faz sentido” ou “Não seja fraco” só aumentam a desconexão. O importante é oferecer uma escuta ativa e abrir um espaço para o diálogo. Falar sobre esses sentimentos é essencial e pode, de fato, salvar vidas.
Ouvir atentamente e permitir que a pessoa se expresse é muito mais eficaz. Em situações críticas, a presença constante pode ser o que a pessoa precisa para se sentir segura e menos sozinha.
### Buscando Ajuda Profissional
Além do apoio emocional, procurar ajuda profissional é fundamental. Um especialista pode ajudar a elaborar um plano de acolhimento que faça a diferença. Na verdade, é crucial lembrar que a desespero para acabar com a vida pode ter muitas causas diferentes, mas a empatia e a disposição para ouvir são fundamentais.
O que fica claro é que o suicídio representa uma tentativa de resolver problemas que, muitas vezes, são temporários. Conversar e estar presente pode ser a luz no fim do túnel para alguém que se sente perdido.