O que é o efeito porta e por que esquecemos ao mudar de ambiente
Você já deve ter passado por isso: está com algo em mente, mas ao mudar de cômodo, a ideia simplesmente desaparece. Esse fenômeno se chama efeito porta, e a psicóloga Kênia Ramos explica sobre ele de forma simples e direta.
Quando mudamos de ambiente, nosso cérebro enxerga isso como o fim de uma atividade e o início de outra. Assim que atravessamos uma porta, as informações que temos em mente são atualizadas, como se estivéssemos “abrindo um novo capítulo”. Isso pode fazer com que a intenção que tínhamos se perca momentaneamente, já que estava conectada ao lugar anterior.
É uma situação totalmente comum e, segundo Kênia, não indica problemas sérios com a memória. O importante é saber que isso faz parte do funcionamento natural do cérebro, que organiza as experiências de acordo com o ambiente. Um truque para tentar minimizar esses apagões é reforçar a intenção antes de mudar de lugar. Por exemplo, se você precisa ir à cozinha pegar um copo de água, repetir mentalmente “vou à cozinha pegar um copo de água” pode ajudar a manter essa informação em mente.
Surgimento do Efeito Porta
O termo efeito porta surgiu em 2011, mas o assunto já era estudado desde 2006. Em uma das primeiras pesquisas, participantes foram convidados a memorizar objetos em um espaço virtual e, em seguida, se movimentar para outro local. A pesquisa revelou que, ao atravessar uma porta, a capacidade de recordar esses objetos diminuía bastante.
Outros estudos corroboraram essa descoberta, mostrando que a memória é atualizada de acordo com o contexto. A diminuição da lembrança não está ligada à distância que se percorreu ou ao tempo que passou, mas à mudança de local. Esse fenômeno é reforçado pelo que os cientistas chamam de “modelo de horizonte de eventos”, onde ao alterarmos o ambiente, as informações associadas são separadas e ficam menos acessíveis.
Curiosamente, o esquecimento pode acontecer até mesmo quando apenas imaginamos que estamos cruzando uma porta. Portanto, não é a porta em si que apaga a memória, mas a mudança de cenário que faz nosso cérebro reconfigurar as informações que estão sendo processadas.