Federação estabelece exame de gênero obrigatório no boxe olímpico

A partir de hoje, 20 de agosto, uma nova política da World Boxing começa a valer. Essa mudança envolve a exigência de testes genéticos para validar o gênero dos atletas durante competições de boxe. Essa decisão foi anunciada há cerca de três meses e já está pronta para ser implementada.

A primeira competição a exigir esses testes será o Campeonato Mundial de Boxe, que acontece em Liverpool, na Inglaterra, entre os dias 4 e 14 de setembro. Nesta fase inicial, a medida se aplica apenas às competidoras da categoria feminina, o que gera um novo capítulo para o esporte.

O que diz a federação

Boris van der Vorst, presidente da World Boxing, comenta que a federação busca respeitar a dignidade de todos, mas também precisa garantir a segurança e a justiça competitiva nos combates. Ele reforçou que a implementação dessa política inicialmente na categoria feminina é uma resposta a preocupações sobre elegibilidade nesse segmento.

Um caso polêmico

No dia do anúncio, a federação suspendia a campeã olímpica Imane Khelif, após surgirem questionamentos sobre seu gênero. Durante os Jogos de Paris, houve notícias inequívocas alegando que ela seria uma mulher trans. Com a nova política, qualquer atleta cujo gênero seja questionado precisa passar pelo teste antes de competir – uma situação que se aplicou a Khelif.

Recentemente, a World Boxing pediu desculpas em uma mensagem oficial. O desejo da entidade é garantir a segurança de todos os competidores e criar um espaço de igualdade nas disputas entre homens e mulheres.

Como a política foi desenvolvida

O processo para a criação dessa nova regra foi extenso. Van der Vorst destaca a importância de considerar diversas questões médicas, legais e esportivas. A política foi elaborada com o auxílio de um grupo de trabalho que inclui especialistas de medicina esportiva e antidoping, respaldada por evidências científicas.

Como serão os testes

Os boxeadores a partir de 18 anos que desejarem participar de eventos organizados pela World Boxing terão que passar por um teste PCR (reação em cadeia da polimerase) para identificar seu sexo biológico. Esse exame pode ser feito por meio de coleta de swab nasal, saliva ou sangue, focando na identificação do material genético SRY, que indica a presença ou ausência do cromossomo Y.

Critérios para competidores

Na nova política, são elegíveis para as categorias masculinas atletas designados como homens ao nascer, que apresentem o cromossomo Y no seu material genético, ou aqueles com uma condição conhecida como diferença de desenvolvimento sexual (DSD) que resultou em caracterizações masculinas.

Já nas categorias femininas, os critérios abrangem atletas designadas como mulheres ao nascer, que tenham o cromossomo XX ou estejam isentas do cromossomo Y, além de competidoras com DSD que não apresentem características masculinas.

Em caso de DSD

Se o resultado de uma lutadora feminina mostrar a presença do cromossomo Y, essa atleta será encaminhada a profissionais clínicos independentes para uma avaliação mais minuciosa. Essa triagem pode incluir análises genéticas, perfis hormonais e exames anatômicos realizados por médicos especializados.

Essas mudanças visam não apenas a integridade do esporte, mas também garantir que todas as atletas tenham uma chance justa nas competições.

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