Alcoolismo em Helena Roitman: especialista detalha a doença

Heleninha Roitman, interpretada por Paolla Oliveira, é um exemplo de como o vício em álcool pode levar a desafios imensos. A relação conturbada com sua mãe, Odete, que exerce uma maternidade autoritária, só agrava a situação. Isso mostra como contextos familiares podem influenciar na dependência emocional e na luta contra o vício.

O problema de Heleninha começou após um trágico acidente que resultou na morte de seu irmão, Leonardo. Naquele dia fatídico, ela estava sob a influência do álcool. E, mais tarde, seu filho Tiago também se tornou vítima de um incidente ligado a esse mesmo problema. Embora traumas não sejam a causa direta do alcoolismo, eles elevam a probabilidade de desenvolvimento desse vício.

### O Impacto das Experiências Adversas

O Dr. Anibal Okamoto Jr., psiquiatra, ressalta que experiências negativas na infância, conhecidas como “experiências adversas”, são muito comuns. Estudos apontam que uma a cada cinco pessoas sofre com isso. Tal situação inclui não só abusos físicos como, também, negligência, insultos e ambientes familiares disfuncionais.

Essas vivências podem aumentar o risco de um problema com o álcool em até sete vezes. E aqui não estamos falando só de um fator isolado — a genética, a personalidade e o ambiente social também pesam na balança.

### A Relação com Celina

Celina, vivida por Malu Galli, representa o carinho e proteção que Heleninha tanto precisa. Ela se comporta como uma mãe amorosa, contrastando com a frieza de Odete. No entanto, essa superproteção pode ser ambígua. Embora pareça um carinho genuíno, pode também refletir um controle sutil sobre a vida da própria Heleninha, o que não é saudável.

### O Papel dos Pais no Desenvolvimento de Dependências

Odete, a mãe de Helena, possui características narcisistas e é altamente controladora. Esse perfil de maternidade pode trazer consequências muito sérias, como problemas de autoimagem e dependência emocional, assim como dificuldade para estabelecer limites e se relacionar de forma saudável com os outros.

As pessoas criadas sob esse regime muitas vezes enfrentam ansiedades crônicas e tendem a buscar parceiros abusivos.

### A Família e o Tratamento do Alcoolismo

A família exerce um papel fundamental no tratamento do Transtorno por Uso de Álcool, pois muitas vezes também carrega suas próprias dificuldades. Um ambiente familiar que incentiva a recuperação pode ajudar significativamente, enquanto um suporte que critica ou usa o vício como moeda em conflitos pode ser prejudicial.

Evitar facilitar o acesso ao álcool e criar um ambiente de apoio são práticas essenciais. Um exemplo da trama mostra Tiago substituindo uísque por chá-mate, uma mudança que representa um esforço pela recuperação.

### Opções de Tratamento

Os tratamentos para o alcoolismo variam, podendo incluir internação em comunidades terapêuticas ou clínicas psiquiátricas. O tempo de permanência é flexível; em alguns casos, como em comunidades, pode durar até 12 meses. O ideal é que cada paciente receba um tratamento personalizado, incluindo suporte de uma equipe multidisciplinar — psiquiatras, psicólogos e outros profissionais.

Um aspecto interessante da história é que Heleninha, após passar quatro meses em tratamento, acaba tendo uma recaída assim que volta para casa. Isso reforça a importância de continuar o acompanhamento após a alta.

### O Alcoolismo é Curável?

De acordo com o especialista, o alcoolismo é uma doença crônica. O foco do tratamento é ajudar a pessoa a interromper o uso do álcool e melhorar sua qualidade de vida. O objetivo não é apenas a abstinência, mas também recuperar laços familiares e profissionais.

Um detalhe no folhetim é o uso do termo “alcoolista”, que busca desestigmatizar a imagem comum associada ao “alcoólatra”. Atualmente, a terminologia “Transtorno por Uso de Álcool” é a mais adequada, pois reconhece que o problema pode se agravar antes mesmo de ser identificado.

### Sinais de Alerta

Alguns sinais indicam que uma pessoa pode estar lidando com esse transtorno, como:

– Dificuldade em controlar o uso do álcool.
– Beber mais do que o planejado.
– Passar muito tempo se recuperando de ressacas.
– Sentir uma forte vontade de beber.
– Deixar de realizar atividades importantes devido ao consumo de álcool.
– Evitar compromissos sociais por causa da bebida.
– Continuar a beber mesmo com problemas de saúde relacionados.

Prestar atenção a esses pontos é crucial para buscar ajuda antes que a situação se torne irreversível.