FIFA e Bola de Ouro: a ausência de vitórias de Marta

Desde 1991, a FIFA e a France Football têm suas maneiras distintas de reconhecer os melhores jogadores do mundo. Embora ambas as entidades sejam referências no futebol, seus critérios e a forma como avaliam os atletas são diferentes. Por isso, temos casos curiosos, como o de Marta, a craque brasileira que já conquistou seis troféus da FIFA, mas nunca venceu a famosa Bola de Ouro.

Marta, que teve sua primeira vitória no prêmio da FIFA em 2006 e, desde então, tem sido um nome constante nas conversas sobre o melhor do mundo, pode finalmente ter a chance de levar a Bola de Ouro em 2025, quando se aproximar da aposentadoria. Mas por que ela nunca ganhou esse prêmio antes? Para entender isso, é preciso olhar mais de perto as particularidades que separam esses dois prêmios tão importantes no futebol.

Duas entidades, dois caminhos

A Bola de Ouro, entregue pela France Football desde 1956, começou como uma premiação focada em jogadores europeus. Só a partir de 1995 a premiação passou a incluir atletas de outras nacionalidades, e em 2007, clubes fora da Europa. Enquanto isso, o prêmio da FIFA apareceu em 1991, com uma proposta global, abrangendo tanto o futebol masculino quanto o feminino. Marta se destacou, mas a versão feminina da Bola de Ouro só foi criada em 2018.

Nos anos entre 2010 e 2015, ambos os prêmios se unificaram sob o nome FIFA Ballon d’Or, mas se separaram novamente em 2016, quando surgiu a premiação The Best FIFA Football Awards.

Quem vota, o que se avalia e quando se decide

As diferenças entre os prêmios vão além da estrutura. Um ponto importante é a composição dos votantes. Na Bola de Ouro, os votos vêm de jornalistas especializados, um por país, e o foco é na temporada europeia, que vai de agosto a julho do ano seguinte. Isso significa que atuações excepcionais em campeonatos europeus, especialmente a Champions League, têm peso maior.

Por outro lado, o The Best da FIFA é decidido por quatro grupos: técnicos de seleções, capitães, jornalistas e o público, que pode participar através de votação online. A FIFA utiliza um recorte que muitas vezes considera competições que organiza, como Copas do Mundo e Olimpíadas, além do ano civil.

Por que Marta nunca ganhou a Bola de Ouro

Durante o auge da carreira de Marta, nos anos de 2006 a 2010, quando ela foi eleita pela FIFA, a Bola de Ouro feminina não existia. Em 2018, embora tenha novamente ganhado o prêmio da FIFA, a honraria da France Football foi para a norueguesa Ada Hegerberg. Isso acontece porque enquanto Marta se destacou principalmente jogando pela seleção brasileira e em ligas menos reconhecidas na Europa, a France Football prioriza o desempenho em clubes europeus de destaque.

Outros exemplos de disparidade

As diferenças entre os prêmios já provocaram situações curiosas. Em 2020, por exemplo, Robert Lewandowski foi eleito o melhor do mundo pela FIFA, mas a Bola de Ouro foi cancelada devido à pandemia. O que gerou polêmica, já que muitos acreditavam que o futebol masculino tinha condições de seguir.

Em 2019, Lionel Messi venceu o The Best, mas a Bola de Ouro foi dada a Luka Modrić por sua performance na Copa do Mundo. Em 2021, a situação se inverteu, e Messi conquistou a Bola de Ouro enquanto Lewandowski brilhava no prêmio da FIFA.

O peso de cada troféu

Embora ambos os prêmios tenham grande prestígio, a forma como são vistos varia. A Bola de Ouro, por ser mais tradicional e ligada à imprensa europeia, é considerada mais técnica. Já o The Best, por ser um reconhecimento da FIFA, tem uma pegada mais abrangente e democrática, levando em conta o impacto global dos atletas.

No futebol feminino, a falta de uma premiação relevante por muito tempo fez com que a FIFA fosse a única que realmente reconhecia as jogadoras. E, dessa forma, Marta brilhou nesse espaço, mas nunca teve a oportunidade de conquistar a Bola de Ouro em seu auge.

Uma possível consagração tardia

A expectativa para 2025 é grande. Com a aposentadoria à vista, Marta é uma das favoritas tanto para o prêmio da FIFA quanto para a Bola de Ouro. Se ela ganhar, será não apenas um reconhecimento tardio, mas também uma merecida homenagem a uma das maiores jogadoras que o futebol já viu.

você pode gostar também