Odete Roitman Conquista o Público no Remake de Vale Tudo
Odete Roitman (Débora Bloch) em “Vale Tudo” (Reprodução/Globo)A vilã Odete Roitman, interpretada por Débora Bloch, está longe de ser uma mãe carinhosa ou uma empresária afetuosa, mas, no remake de Vale Tudo, ela começa a conquistar o público não pela maldade, mas pela lógica implacável. O que antes parecia apenas vilania agora é visto como uma crítica à irresponsabilidade dos privilegiados.
O ponto de virada na percepção do público ocorreu em uma cena marcante, onde Odete dá uma lição de moral em seu filho Afonso (Humberto Carrão). Ele chega em casa após uma noite de pedaladas e anuncia que está indo surfar, o que provoca a reprovação da mãe. A fala dela, Eu amo esse tipo de agenda livre, repercutiu nas redes sociais, não pela crueldade, mas pela sinceridade.
Essa cena destaca Afonso como um símbolo de uma geração que confunde privilégios com oportunidades de carreira, enquanto Odete, com sua frieza de CEO, se torna uma voz da razão. O público começa a enxergar na vilã uma figura que exige responsabilidade daqueles que se beneficiam do seu poder, cobrando lealdade e competência em um mundo onde a passividade e a mediocridade são comuns.
Esse comportamento de Odete ressoa com debates sociais contemporâneos sobre meritocracia e nepotismo, tocando em questões sensíveis que vão além da ficção. O remake, sob a direção de Manuela Dias, capta essa essência com maestria.
Embora Odete não seja simpática, sua coerência em um ambiente repleto de narrativas rasas é valiosa. Por isso, o público começa a torcer por ela, mesmo sabendo que, eventualmente, suas ações poderão ultrapassar os limites. Essa complexidade é o que torna a personagem tão poderosa e cativante.
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