Papa Francisco: conheça a trajetória do primeiro pontífice jesuíta

Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, nasceu em 17 de dezembro de 1936, em Buenos Aires. Filho de imigrantes italianos que chegaram à Argentina em 1929, ele cresceu em um ambiente simples e com fortes raízes católicas. O pontífice faleceu nesta segunda-feira, 21 de abril, aos 88 anos, e foi o primeiro latino-americano a comandar a Igreja Católica, sendo conhecido por seu carisma, reformas e esforço em aproximar a instituição dos mais pobres e marginalizados.

Antes de vestir a batina branca, Bergoglio estudou química, foi professor e viveu uma vida discreta em Buenos Aires, capital da Argentina. Ele formou-se técnico químico e, em busca de um caminho diferente, entrou no seminário de Villa Devoto, iniciando sua formação religiosa.

papa francisco conheca a trajetoria do primeiro pontifice jesuitaPapa Francisco acena para fiéis (Foto: AP)

Da infância em Buenos Aires à vocação religiosa

Ainda jovem, Bergoglio ingressou no noviciado da Companhia de Jesus, a ordem dos jesuítas, em 1958, conhecida por seu rigor nos estudos e trabalho missionário. Em 1963, estudou humanidades no Chile e, no ano seguinte, retornou à Argentina para dar aulas de literatura e psicologia no Colégio Imaculada Conceição, em Santa Fé. Entre 1967 e 1970, estudou Teologia e foi ordenado sacerdote em 13 de dezembro de 1969, se tornando líder da ordem jesuíta na Argentina entre 1973 e 1979.

Depois, Bergoglio foi reitor da Faculdade de Filosofia e Teologia de San Miguel, entre 1980 e 1986. Ele também completou sua tese de doutorado na Alemanha e, ao retornar à Argentina, trabalhou como confessor e diretor espiritual em Córdoba. Sua trajetória religiosa continuou em ascensão: em 1992, foi nomeado bispo auxiliar de Buenos Aires, tornando-se arcebispo titular da capital em 1997 e cardeal em 2001, nomeado pelo papa João Paulo II.

Perfil reservado e popular entre fiéis

Apesar de tímido e de poucas palavras, Bergoglio sempre foi muito respeitado entre os fiéis. Era conhecido por seu estilo de vida simples e pela disponibilidade para ouvir os outros. Além disso, gostava de tango e era torcedor fervoroso do clube San Lorenzo. Essa combinação de intelectualidade, humildade e carisma o tornou uma figura de consenso entre os cardeais.

A chegada ao papado

Com a histórica renúncia de Bento XVI, a Igreja Católica vivia um momento de grande crise, marcada por escândalos de pedofilia e perda de confiança. Em meio a esse cenário, Jorge Mario Bergoglio foi eleito papa em 13 de março de 2013, no segundo dia de conclave. Ele relatou que não desejava ser eleito e que, ao alcançar os dois terços dos votos, foi abraçado pelo cardeal brasileiro Dom Cláudio Hummes, que lhe disse: Não se esqueça dos pobres.

Inspirado por essa frase, Bergoglio decidiu adotar o nome Francisco, em homenagem a São Francisco de Assis. Pensei nas guerras, e Francisco é o homem da paz. E assim o nome saiu do meu coração: Francisco de Assis. Como eu queria uma Igreja pobre, para os pobres, declarou. Seu lema papal foi em latim: Miserando atque eligendo, que significa Olhou-o com misericórdia e o escolheu.

Reformas e mudanças na Igreja

Desde o início de seu pontificado, Francisco promoveu reformas importantes. Trabalhou para reestruturar a Cúria Romana, buscando transparência e combate à corrupção. Entre seus gestos mais simbólicos estavam a aproximação dos católicos em situações consideradas irregulares pela Igreja e a tentativa de dar um rosto mais humano e misericordioso à instituição.

O argentino também deu sequência à limpeza financeira iniciada por Bento XVI, incluindo o fechamento de contas suspeitas no banco do Vaticano. Em relação à doutrina, Francisco manteve as tradições: não autorizou o casamento de padres, nem a ordenação de mulheres, mas desejava que suas reformas tivessem continuidade no futuro.

Posicionamentos progressistas e polêmicas

Apesar de conservar dogmas da Igreja, Francisco abriu espaço para debates delicados. Foi o primeiro papa a convidar um transexual ao Vaticano e se recusou a julgar homossexuais. Uma de suas frases famosas é que a Igreja deveria ser um hospital de campanha e não um posto alfandegário que separa os bons dos maus cristãos.

Ele também autorizou bênçãos de casais do mesmo sexo, um gesto visto como avanço histórico, mas em 2024 gerou polêmica ao afirmar que havia bichice demais nos seminários, pelo que pediu desculpas. O papa promoveu ainda o aumento da participação feminina no Vaticano, permitindo que mulheres votassem no Sínodo dos Bispos, embora tenha defendido que o sacerdócio permanecesse exclusivo para homens.

Fora da Igreja, Francisco foi uma voz ativa no cenário internacional, criticando líderes de nações em guerra e não poupando críticas à Europa e aos Estados Unidos pela forma como tratavam imigrantes e refugiados.

Últimos meses e falecimento

A saúde de Francisco começou a se agravar no início de fevereiro deste ano, quando foi diagnosticado com bronquite. Ele foi internado no Hospital Agostino Gemelli, onde ficou 38 dias. Durante a internação, mesmo debilitado, tentou manter suas atividades religiosas, mas seu quadro piorou. O Vaticano confirmou que ele desenvolveu uma infecção polimicrobiana e, em seguida, uma pneumonia bilateral.

Após receber alta, Francisco participou da celebração da Páscoa, ainda sob cuidados médicos. Infelizmente, não resistiu às complicações e faleceu nesta segunda-feira, 21 de abril, encerrando uma liderança que marcou profundamente a história recente da Igreja Católica.

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